terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Darwin e os Ruivos


Nós produzimos mais de um tipo de melanina. Duas são mais importantes, a eumelanina, mais escura e que confere proteção contra a luz UV e a maioria das pessoas produz quando se bronzeia. Ela dá os tons de loiro a moreno do cabelo. A faeomelanina possui um tom avermelhado, é produzida em várias regiões do corpo que possuem um tom mais vermelho, como a glande, e não protege contra a radiação UV.
Ruivos produzem justamente a faeomelanina em resposta à luz ultra-violeta. Isso é um problema, já que ela não só não protege contra o Sol, como favorece o aparecimento de radicais livres, que são cancerígenos. Por isso ruivos se queimam facilmente e desenvolvem as sardas.
E quem determina a produção do pigmento avermelhado, ao invés do escuro tradicional, é justamente uma variante do MRC1. Ruivos possuem duas cópias de uma variante muito rara do receptor, que estimula a produção de uma melanina diferente. Pessoas que possuem apenas uma cópia, têm mais dificuldade para se bronzear, mas têm tons de cabelo comuns, como loiro ou moreno. Quando ambos em um casal contém o MRC1 “ruivo” e passam ao filho, a criança é ruiva.
Por isso pessoas morenas ou loiras podem ter filhos ruivos, basta carregar uma cópia do MRC1, que não se manifesta. Há asiáticos ruivos, mas a maior frequência acontece na Europa, principalmente na Escócia, Inglaterra e Irlanda. O que estes locais têm em comum? Justamente a radiação UV mais baixa.
Os ruivos estão entre as variantes de cor de pele que absorvem mais UV e produzem mais vitamina D, e são mais frequentes nos locais onde a seleção natural favoreceu isso. Entre os negros, não existe essa variante do MRC1, só aquela que determina o tom de pele mais escuro, forte indício da seleção negativa.
As ruivas então ficam por conta de uma das variantes de tom de pele mais clarinho que foi favorecida nas altas latitudes.
Afinal, qual o melhor tom de pele, negro ou claro? Depende. Isto é evolução. Não existe uma característica melhor ou pior, existe uma característica que serve melhor em um determinado contexto. Nos trópicos, onde há mais radiação UV, o tom de pele mais escuro foi melhor, e mais selecionado.

Hoje em dia, há o protetor solar para dar uma ajuda, vide os australianos, descendentes de ingleses que foram viver sob o Sol intenso e usam muito protetor solar para se protegerem do câncer de pele.
Nas maiores latitudes, onde há menos luz UV, foi melhor ter pele clara, tanto que negros que vivem em locais como o Canadá atualmente têm mais incidência de raquitismo e osteoporose, e precisam se preocupar em ingerir grandes quantidades de vitamina D (e até fazer bronzeamento artificial) para fixar mais cálcio nos ossos.
Então, seja qual for a sua preferência, lembre do tio Darwin e fique feliz pela seleção natural ser tão diversa.