O
fascínio pela minoria: Tudo
que é diferente acaba chamando a atenção e possivelmente despertando interesse.
Num período longínquo, quando loiras eram uma raridade que só poderia ser
encontrada em latitudes específicas e quase sempre dentro de algum barco
viking, nossos pais e avôs idolatravam loiras e daí surgiram mitos como Marilyn
Monroe e derivadas (note que na minha cabeça meu avô, os vikings e Marilyn
Monroe conviveram no mesmo período histórico). Já na nossa geração, um tanto
quanto saturada com o “blonde boom” que se deu após a descoberta do poder da
descoloração (possivelmente ensinado pelos vikings ao meu avô) as ruivas
acabaram entrando em voga por serem, agora, o diferente, o incomum. Daí o
recente interesse e a profunda presença das ruivas no imaginário masculino.
Fora que quando você se perde de uma ruiva no shopping costumava ser bem mais
fácil pra encontrar olhando de longe. Mas isso sou eu sendo frio e utilitário
de novo.
Ruivas
nos quadrinhos: Mais
do que homens voadores, caras com poderes de aranha e um vilão da Liga da
Justiça chamado “Senhor Nebulosa – O decorador de mundos” que tinha um ajudante
chamado “Esquiador Escarlate”, uma coisa meio insólita nos quadrinhos é a
profusão praticamente insana de personagens ruivas, totalmente fora da
proporção encontrada na população real, como se todas as histórias fossem
escritas por algum irlandês do interior (onde estão os leprechauns então, eu me
pergunto?). E claro, quase sempre representadas da forma mais favorável
possível. Mary Jane Watson? Ruiva. Viúva Negra? Ruiva. Jean Grey? Ruiva.
Batgirl? Ruiva. Lana Lang? Ruiva. Gwen Stacy? Loira. E aí ela é jogada do alto
de uma ponte e morre, ou seja, deveria ter mudado a cor do cabelo. Pense em
como isso pode afetar uma mente infantil em formação. Eu mesmo nunca namorei
nenhuma loira, por puro medo de que elas caiam de pontes. Você não pode brincar
com coisas assim.
Ruivas
na cultura pop em geral:
Desde Harriet, a vizinha chata em Super-Vicky, passando por Wilma Flintstone ou
Jane Jetson e Daphne, dos desenhos do Scooby Doo (ainda que eu tivesse uma
queda maior pela Welma e sempre me pergunte se Hanna e Barbera realmente tinham
uma tara por ruivas) e chegando até a Donna de That’s 70 Show e agora Scarlett
Johansson como a Viúva Negra nos cinemas, a atual geração de homens cresceu
sofrendo praticamente uma lavagem cerebral em torno da idéia de que ruivas são
rebeldes, sexys e possivelmente se vestem como lenhadoras (acho que isso era só
no That’s 70 Show, mas ficava legal nela). Some isso a sites como o Suicide
Girls e você tem a receita para um processo pesado de endeusamento das garotas
de cabelo vermelho. Não, a Uni de Caverna do Dragão não conta como ruiva, seus
doentes.
Peanuts: Mais do que qualquer outro fator, eu
acho que Peanuts influenciou milhões de pequenos garotos com a história de
Charlie Brown e da garotinha ruiva, que passou a ser uma das grandes metáforas
pro eterno desencontro sentimental entre garotos estranhos e suas expectativas
em relação ao gênero feminino. Menos um personagem real do que um conceito, a
garotinha ruiva passou a representar todo um ideal do que nós esperamos da
garota certa, de como ela seria, de como as coisas funcionariam com ela, e de como
nós possivelmente nunca vamos ficar com ela, porque existem por aí dezenas de
Lucys e de bolas a serem chutadas. Mas eu estou divagando. O que importa é que
a gente viu muito esse desenho e leu Peanuts demais quando criança.
Créditos: http://justwrappedupinbooks.wordpress.com/2010/06/18/top-4-%E2%80%93-razoes-pelas-quais-caras-tem-quedas-por-ruivas/