sábado, 12 de maio de 2012

De onde vieram os ruivos?


No Reino Unido, cabelo vermelho é geralmente associado com pessoas de ascendência Celta, isto é, Escócia e Irlanda. Acredita-se que o povo da Escocês descende de 5 diferentes grupos étnicos que ocuparam ou invadiram o norte da Grã-Bretanha na idade das trevas. Em todo a história registrada, ruivos nunca foram mencionados como um grupo, exceto pelos romanos.
Os “Pictos”, inimigos com quem os romanos lutaram, foram descritos como tendo cabelos vermelhos e "grandes membros" pelo historiador romano Tácito. Já os historiadores modernos, com a ajuda de antropólogos, consideram o cabelo vermelho como a única característica dos Pictos.
Quanto à distribuição mundial dos indivíduos de cabelos vermelhos, seria plausível afirmar que a maioria pode ter origem na região Norte da Europa Ocidental, embora, como em todas as variações genéticas de seres humanos, as mutações nos genes podem ocorrer e serem mantidas em qualquer população, desde que não haja efeito negativo para o crescimento populacional.
Quanto às razões para o vermelho cabelo, não é fácil de perceber qualquer vantagem seletiva imediata em termos de evolução. Veremos, então, algumas informações sobre a genética por trás do cabelo vermelho, que poderá nos ajudar a entender o porquê não há tanta vantagem evolutiva por ser ruivo:
A variação da pigmentação tanto da pele quanto do cabelo é definida pela quantidade de eumelanina (melaninas marrom/preta) e feomelanina (melaninas vermelho/amarelo) produzidas pelos melanócitos.
O melanocortina-1 receptor (MC1R) é um regulador da produção de eumelanina e  feomelanina nos melanócitos e mutações nesse gene são conhecidas por causar alterações na cor da pelagem em muitos mamíferos. Estudos sobre populações irlandesa e holandesa demonstram uma significativa associação nas variações no gene MC1R e os cabelos vermelhos.
Além disso, as chamadas mutações 'de perda de função' no gene MC1R humano são conhecidas por serem comuns e, recentemente, por ter comprovada sua associação com os cabelos ruivos. Ainda, pesquisas recentes mostraram que algumas variantes no gene MC1R podem ser preferencialmente associadas com a cor do cabelo, em vez do tipo de pele (isso explica porque ruivos não precisam ser necessariamente bem branquinhos).
Assim, por razão da função primária dos tipos de melanina ser de “fotoproteção” e de ”fotossensibilizante” (eumelanina e feomelanina respectivamente), dá para se sugerir que a maioria das mutações no gene MC1r (ruivos) representam um fator de risco, possivelmente independente do tipo da pele, por representar uma maior suscetibilidade ao melanoma.
Então por que as mutações ocorreram? Talvez porque não houve seleção contra tais mutações, por terem ocorrido naquela região do mundo (norte europeu). Quaisquer mutações no gene MC1R não tiveram tanta relevância, considerando as baixas temperaturas e pouca insidência da luz solar na região, não causando danos, apesar da diminuta proteção da melatonina.
Isso pressupõe que as mutações do MC1R, se ocorressem em regiões de clima quente, o que é bastante improvável, resultariam em altas taxas de mortalidade de indivíduos ruivos antes que estes alcançassem a idade da paternidade. Fora isso, não tem como se pensar em nenhuma outra razão para sugerir o porquê de os cabelos vermelhos terem se originado no norte da Europa a não ser por conta do acaso.

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